quinta-feira, 19 de abril de 2012

O bandejão

Quando o calouro chega na UFF a primeira coisa que ele pergunta é: Como funciona o esquema do bandejão?
Realmente, o que mais nos preocupa não são as aulas difíceis, os professores chatos, os pontos, os veteranos. Não, o que mais preocupa um calouro no primeiro momento na UFF é o tal do bandejão.
Pra quem não sabe, o "bandejão" é o restaurante universitário da UFF, o nosso restaurante universitário, e para usufruir dele, é necessário a confecção de uma carteirinha, a compra de um ticket de R$ 0,70 e enfrentar algumas filas malucas de desonestas.
Bom, o calouro, extremamente alegre, acha que é simples a primeira visita ao restaurante. Depois de uma aula exaustiva de bioquimica, eles resolvem fazer a tal carteirinha do bandejão. Bendito seja o cara que inventou as filas, pena que elas não servem pra nada na UFF.
O dia em que confeccionei meu passe pro bandejão, foi o mesmo dia em que adquiri fobia de multidão (exagero). Era um calor infernal, ainda não tinha me acostumado com o clima de Niterói, tinha aula dali a duas horas, a fome já quase me matava.Quando cheguei no Gragoatá e vi uma fila que virava, dava voltas, ia lá na frente, e voltava cá atrás, fazia zigue-zagues, eu perguntei  "isso é a fila pra comer?", e obtive a pior resposta da minha vida "não, é pra fazer a carteirinha". 
Eu estava quase desistindo daquilo. Olhei pra Clarice, ela olhou pra mim, nos olhamos a fila, e decidimos enfrentá-la naquele dia mesmo, pois como já disse, essa era a nossa maior inquietação. Felizmente, ou infelizmente, encontramos na fila uma colega da nossa turma, ela tinha deixado Karina, Bruna e Michele entrarem na frente dela, Clarice e eu aproveitamos a oportunidade e entramos atras das meninas.
O problema é que a turma toda teve a mesma ideia, e no fim de tudo, nós, que estávamos na frente (ou atras diretamente da menina inicial) acabamos ficando no fim da fila (da fila de enfermagem). Pra piorar a situação e me deixar mais traumatizado, outras pessoas estavam entrando na nossa frente sem mais nem menos, e quando estava chegando a nossa vez de pedir a carteirinha aconteceu um tumulto. Incrível como essas coisas só acontecem comigo, quase que fiquei fora do estávamos chamando de fila (vale lembrar o calor de matar, e minha roupa totalmente preta, de calça!).
Mas Deus é existe, e é bom comigo. Finalmente chegou a minha vez, e a mulher começou a digitar meus dados. Se a barra de espaço fosse o tempo que a gente gasta pra digitar a proxima letra, meu nome ficaria assim na minha carteirinha:
M                                                     A                                        R                            L
Assim já dá pra perceber que a senhora que faz as carteirinhas precisa urgentemente de um curso de digitação.
Minha surpresa: A carteirinha só fica pronta no dia seguinte.
Já tinha perdido a aula, perdido a paciência, a educação, dois litros de água já tinham evaporado, mas a fome e a honra prevaleceram invictas. MAS EU QUERO COMER HOJE!!!
"Calma, pra isso existem as carteirinhas provisórias, é so pegar uma aqui do lado."
Olhei pro lado e visualizei o paraíso. Um lugar sem muitas pessoas e um senhor simpático distribuindo um papelzinho como se fosse o seu santinho de campanha politica.
Que ódio! Se soubesse disso antes teria feito minha carteira outro dia.
Mas preferi levar pelo lado bom, o pior já passou, agora é só comer, e ir embora pra casa. Amanhã eu pego a definitiva e de boa...
HAHAHA.. é assim que os veteranos fazem quando veem um calouro dizendo que o pior já passou.
E no outro dia eu entendi o porque. TODOS que fizeram a carteirinha no dia anterior foram pegar a definitiva. OMG!

UFF, assim você me mata!



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